TVGolo.com - Novos Golos

21 de jun. de 2008

Rússia quebra "encanto" da Holanda e segue na Euro

A Rússia conseguiu vencer a Holanda por 3 a 1 neste sábado, na prorrogação, e eliminou a equipe sensação desta edição da Eurocopa. O time laranja tinha conseguido o primeiro lugar no "grupo da morte" na primeira fase, com vitórias sobre França, Itália e Romênia. O fato irônico disso é que o comandante da seleção russa é o holandês Guus Hiddink.

Guus Hiddink não é chamado de mago à toa. Ele fez mais uma mágica neste sábado, quem sabe das mais dolorosas de sua vida, e classificou a Rússia para as semifinais da Eurocopa. O problema é que a vaga veio às custas de seu país natal, a Holanda, até então grande sensação do torneio.


Pressionando muito o meio-de-campo holandês, os russos foram perfeitos taticamente. É verdade que voltaram a desperdiçar inúmeras ocasiões de gol, como já havia ocorrido antes no torneio, mas o atacante Pavlyuchenko aproveitou uma delas no tempo normal, e Torbinski e o ótimo Arshavin repetiram o feito na prorrogação para o 3 a 1 no final.

A Holanda havia marcado o gol de empate aos 40min do segundo tempo, com Van Nistelrooy, mas foi completamente dominada na meia hora extra de jogo e mereceu perder. Na semifinal, a Rússia enfrenta o vencedor do clássico deste domingo entre Espanha e Itália.

Um dia antes da partida, Hiddink havia dito que não se importaria de ser considerado um "traidor" nacional. "E já que é para ser traidor, vou ser em grande estilo e cantar o hino russo", comentara. De fato, antes da partida, as câmeras mostraram o holandês esboçando algumas palavras durante a execução do hino. Nos momentos dos gols, socou o ar com os punhos fechados.

Ele havia dito também que "quando se está com medo, o melhor remédio é atacar, atacar e atacar". Foi o que o time dele fez em campo. Pouco badalado no cenário internacional (se comparado a outros nomes), Hiddink é o técnico que levou a Holanda às semifinais da Copa de 98, caindo nos pênaltis contra o Brasil. Classificou também a Coréia dos Sul para as semis do Mundial de 2002 e, quatro anos depois, colocou a Austrália na Copa do Mundo e ainda arrancou uma vaga nas oitavas-de-final - o time só caiu para a Itália e com um pênalti discutível no final.

Para os russos, o milagre já havia sido operado, com a classificação para a Eurocopa em um grupo que tinha a Inglaterra. Mas Hiddink colocou o país nas quartas e, agora, nas semifinais. É a primeira vez na história que a Rússia chega tão longe. Antes, como União Soviética, havia vencido a Eurocopa de 1960 e chegado à final pela última vez em 88, quando caiu diante da Holanda do hoje técnico Van Basten.

A Rússia surpreendeu desde o início da partida, controlando a posse de bola e não dando espaços para Sneijder e Van der Vaart, os dois principais articuladores da Holanda.

Como resultado, começaram a surgir as chances de gol. Aos 6 minutos, Zhirkov cobrou falta e Van der Sar fez a primeira de uma série de ótimas defesas. No minuto seguinte, foi a vez de Pavlyuchenko cabecear sozinho, dentro da área, para fora.

Ainda que a torcida holandesa fosse maioria absoluta no estádio (praticamente três quartos), eram os russos que faziam muito mais barulho nas arquibancadas.

Empurrado pela torcida, o time russo voltou a criar chances e Van der Sar fez duas ótimas defesas em chutes de Arshavin, dentro da área, e Kolodin, de longe. O zagueiro, aliás, voltou a tentar um tiro quase do meio de campo, que saiu para fora, mas com perigo.

Após se livrar das várias ocasiões de gol criadas pela Rússia, a Holanda melhorou nos últimos 15 minutos da primeira parte. A troca de lado entre Sneijder (que foi para a direita) e Kuyt (que começou a cair pelo lado esquerdo) surtiu efeito, e o jogo passou a fluir mais para o time laranja. A melhor ocasião veio aos 37min, quando Van Nistelrooy invadiu a área, mas o goleiro Akinfeev defendeu.

No intervalo, Van Basten decidiu mexer no time e colocou Van Persie no lugar de Kuyt. Aos 10min, trocou novamente, colocando Heitinga no lugar do lateral direito Boulahrouz ¿ o jogador perdeu uma filha prematura, mas decidiu jogar mesmo assim e foi ovacionado pela torcida.
Só que foi justamente pelo lado direito da fesa que a Rússia chegou ao gol. Semak recebeu, cruzou, e Pavlyuchenko se antecipou à vaga para marcar 1 a 0.

A partir daí, foi um show de ocasiões perdidas pelos russos. A Holanda mantinha mais a posse de bola, mas criava pouco e sofria com a rapidez dos adversários quando estes recuperavam a bola.
O gol que levou o jogo para a prorrogação só poderia mesmo ter saído de uma bola parada, uma desatenção da pouco confiável defesa da Rússia. Após falta levantada na área, Van Nistelrooy, no segundo pau, mergulhou para marcar.

Por cinco minutos, a torcida holandesa cresceu. Mas logo as coisas voltaram ao normal na prorrogação. A Rússia voltou a ter o controle da bola e, para surpresa de todos no estádio (menos Hiddinck) passou a criar mais e mais chances de gol. Pavlyuchenko acertou chute no travessão, e Torbinski, livre na área, praticamente recuou para as mãos de Van der Sar.

No início do segundo tempo da prorrogação, a Rússia seguiu pressionando em busca do gol da vitória e teve um pênalti não marcado pelo árbitro quando Heitinga segurou Zhirkov na área. Na sequência, Pavlyuchenko desperdiçou outra chance na área.

O que parecia inevitável finalmente aconteceu. Arshavin fez ótima jogada pela direita e cruzou na área. Desatenta, a defesa holandesa não acreditou na jogada e viu Torbinski tocar para o fundo do gol. Logo depois, após cobrança de lateral, Arshavin recebeu na área e chutou a bola entre as pernas de Van der Sar para decretar o justo 3 a 1.

0 comentários: