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29 de set. de 2008

NY Mets faz despedida comovente de estádio

Quase 30 minutos depois que Ryan Church eliminou o último corredor na história do Shea Stadium, pondo fim às esperanças do New York Mets de chegar aos playoffs em 2008, a maioria dos torcedores ainda não havia deixado seus assentos, no domingo.

Irritados e magoados, eles vaiaram os jogadores do Florida Marlins quando estes voltaram ao campo para recolher terra.

Eles vaiavam a cada vez que os Mets anunciavam alguma coisa pelo sistema de comunicação do estádio - "nossa cerimônia de despedida do Shea Stadium começará dentro de cinco minutos" se provou especialmente impopular. E, sim, eles vaiaram até o mascote, Mr. Met.

Mas mesmo assim continuaram no estádio. Os Mets haviam marcado a cerimônia de despedida do Shea Stadium para depois do último jogo da temporada regular de beisebol, talvez porque não antecipassem a possibilidade de que o resultado do jogo seria tão horrível quanto o da partida que encerrou o campeonato da temporada passada.

No entanto, assim que a cerimônia de despedida começou, o clima na arquibancada começou a mudar, como seus fãs tivessem decidido aproveitar a oportunidade de dar as costas a dois anos consecutivos de colapsos e, em lugar disso, saudar o passado do Shea Stadium.

Assim, na ausência de praticamente todos os jogadores do atual time dos Mets, os torcedores aplaudiram e saudaram os jogadores do passado, alguns dos quais envolvidos em grandes momentos de heroísmo no Shea Stadium, e outro em momentos nem tão gloriosos mas ainda assim memoráveis. Entre os antigos jogadores do Mets que compareceram, estavam Lenny Dykstra e Wally Backman, Jerry Koosman e Ed Charles, Dwight Gooden e Darryl Strawberry, 1969 e 1986 - e lentamente o fracasso do Mets na temporada 2008 parecia estar sendo deixado para trás.

A situação do Mets era difícil no domingo, já que a cerimônia que marcou o jogo final em seu estádio aconteceu uma semana depois do fechamento do Yankee Stadium, a casa de seu rival municipal New York Yankees, uma celebração de orgulho, história e da tradicional camisa listrada dos oponentes. Com apenas dois títulos na World Series (o campeonato norte-americano de beisebol profissional), ante os 26 do principal rival, e apenas um jogador que fez carreira no Mets (Tom Seaver) selecionado para o Hall da Fama, comparado à legião de atletas do Yankees que fazem parte da história do beisebol, o Mets tem uma história muito mais modesta a exaltar. Mas eles fizeram um bom trabalho com o material de que dispunham.

Quando os jogadores foram apresentados, entraram no campo um a um, por trás do muro que delimita o gramado - como se emergissem em meio ao trigo, ao modo do filme Campo dos Sonhos. A equipe do Mets que conquistou a World Series em 1986 estava especialmente bem representada, e algumas das salvas de palmas mais entusiásticas da noite foram reservadas a Strawberry, Gooden, Keith Hernandez e Ron Darling.

Gooden vem enfrentando dificuldades judiciais desde que encerrou sua carreira, em 2000, e em 2006 serviu uma sentença de prisão de sete meses. Mas os fãs dos Mets, que de maneira alguma absolveriam os atuais arremessadores da equipe, causadores de tanto sofrimento à torcida, pareciam ávidos por perdoar quaisquer transgressões cometidas por Gooden.

Tão logo entrou no campo, ele começou a cumprimentar os torcedores, através das grades, e parecia muito feliz com os aplausos recebidos. Em dado momento, ergueu as mãos para o céu.
"Não importa como, eu queria estar de volta", disse Gooden antes do jogo. "Esse foi meu lar. Sentia falta daqui, sentia falta da torcida, do apoio que eles sempre me deram. De modo que voltar aqui e simplesmente agradecer por tudo é uma grande oportunidade para mim".

Previsivelmente, os dois últimos jogadores apresentados foram Mike Piazza e Seaver. Foi Seaver que conduziu os Mets ao seu primeiro título da World Series, em 1969. E Piazza levou o time à mais recente decisão da qual participaram, em 2000 ¿ infelizmente sem conquistar o título.

A noite se encerrou em seguida de maneira emotiva, com cada um dos jogadores - o grupo incluía Bud Harrelson, Robin Ventura, Ed Kranepool, Jesse Orosco, Sid Fernandez, Bobby Ojeda e, sim, Willie Mays - tocando a placa base e alguns, comovidos pelo espírito do momento, indo ainda além. Harrelson, o shortstop que representava a alma do time campeão de 1969, subiu na placa base. Hernandez, que liderou a equipe em todas as categorias no título de 1986, reproduziu a pose de rebatedor canhoto que o tornou famoso. Piazza, o famoso catcher, apontou para baixo de maneira decidida.

E a noite se encerrou com uma lenda do beisebol arremessando para outra - Seaver, no mesmo monte de onde arremessou por dez períodos consecutivos na quarta partida da série decisiva de 1969, lançando para Piazza, agachado na posição de catcher. Quando Seaver subiu ao monte, ele apontou apara o número 14 pintado no muro do estádio, o número aposentado da camisa usada por Gil Hodges, jogador dos Mets e depois técnico de Seaver. Seaver ergueu um dedo, e depois quatro, e fez uma saudação.

"Vamos lá, Mets!", ecoava o grito da torcida pelo estádio. Os flashes das câmeras espocavam. E Seaver fez o último arremesso na história do Shea Stadium, na direção de Piazza. A bola bateu no chão e quicou, e Seaver pareceu irritado por um breve instante.

Mas Piazza caminhou até ele e o abraçou, e os dois caminharam assim, juntos, para fora do gramado.

Foi uma cena comovente, e um momento que fez com que 2008 parecesse realmente não importar.

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