O presidente da CBF, Ricardo Teixeira, empurrou Ronaldinho goela abaixo do técnico Dunga. Sem cerimônia, interferiu no trabalho do contestado treinador e impôs a convocação do meia-atacante para a Olimpíada de Pequim, em agosto.
A ingerência inicia um processo público de fritura do técnico, contratado justamente para renovar a seleção e barrar medalhões fora de forma.
Antes da derrota para o Paraguai, no domingo, o dirigente já avisou o técnico que queria ver Ronaldinho no time olímpico.
Usou o argumento de que não poderia ficar de braços cruzados, vendo a equipe principal em crise e a olímpica desfalcada por jogadores não liberados por seus clubes. Isso enquanto o astro estava à disposição, dispensado pelo Barcelona, mas ainda com contrato a cumprir.
Horas antes do empate com a Argentina, Teixeira selou com Ronaldinho o retorno à seleção. E no dia seguinte tornou a manobra pública, mostrando para a torcida não estar alheio aos problemas do time nacional, em situação periclitante nas eliminatórias.
"É um jogador que tem a possibilidade de fazer um grande Olimpíada. Por favor, torcedor, apóie o Ronaldinho porque ele é muito importante para a seleção brasileira", disse o dirigente, no Jornal Nacional.
De acordo com pessoas próximas ao cartola, Dunga resignou-se diante da nova ordem. Para o 'resgate de Ronaldinho', como foi apelidada a empreitada, o cartola traçou um cronograma de preparação para o jogador, que só não viajará para China se voltar a se contundir ou demostrar que ainda não se recuperou da contusão na coxa, sofrida em março.
A volta do jogador, no entanto, entra em choque com o hábito de Dunga deixar de lado quem não está em atividade.
Para os Jogos de Pequim, a CBF encontra dificuldade para conseguir a liberação dos três jogadores com idade acima de 23 anos. Apenas Robinho é nome certo. Kaká dificilmente disputará a Olimpíada.
Teixeira se reuniu com Ronaldinho, nesta quarta-feira, no mais luxuoso hotel da capital mineira. De férias em Porto Alegre, o jogador viajou até Minas Gerais de jatinho.
No encontro, que demorou uma hora e meia no 25º andar do hotel Ouro Minas, o presidente da CBF apresentou seu projeto ao jogador. A reunião contou também com a presença de Roberto Assis, irmão e empresário do meia-atacante.
Pelo planejamento do dirigente, o atleta contaria com o estafe da seleção para se recuperar antes do início dos Jogos. Teixeira disse que Ronaldinho poderia treinar na Granja Comary e ofereceu o preparador físico Paulo Paixão para ajudá-lo a entrar em forma.
O jogador disse que preferia ficar em Porto Alegre, mas aceitou a ajuda de Paixão. O preparador, porém, não sabe se poderá se livrar de compromissos na Rússia, onde trabalha.
Com ele ou outro funcionário da CBF, Ronaldinho deve começar a preparação na semana que vem. Teixeira e Dunga serão informados constantemente sobre os trabalhos.
Com o acordo selado, Teixeira e o jogador assistiram ao jogo juntos em uma cabine no Mineirão. Logo após o clássico, o atleta voltou para Porto Alegre.
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