Bernardinho defende Marcelinho: com Ricardinho "não dava"

Era inevitável. Após a derrota da Seleção masculina de vôlei na final olímpica contra os Estados Unidos e com atuação discreta do levantador Marcelinho, o técnico Bernardinho sabia que iria escutar perguntas sobre o polêmico afastamento de Ricardinho, fora do grupo desde o ano passado.

A reportagem do Terra foi a primeira em falar sobre o tema com o treinador, que logo rebateu. "Perdemos com o Ricardinho também. Perdemos o Pan (2003), uma Liga Mundial. Nenhum time depende de um jogador. O Ricardo é um jogador excepcional, foi fundamental na história dessa Seleção, mas eu não posso atribuir essa derrota de hoje à ausência dele. É óbvio que a pergunta viria. Porque é parte do nosso País, buscar conveniência sempre, o resultado a qualquer preço e não aquilo que é certo", disse.

Mais tarde, em conversa com vários jornalistas, o treinador disse que seria uma "hipocrisia" dizer que tecnicamente Ricardinho não faz falta. Mas deixou outras perguntas no ar. "Será que é só isso que importa? Será que teríamos chegado até aqui do jeito que as coisas estavam andando? Alguém aqui tem dúvida de que não dava mais?", questionou.

Em um ano desde o afastamento do levantador, a seleção brasileira ganhou o Pan do Rio e a Copa do Mundo no ano passado, mas perdeu a Liga Mundial deste ano e a final olímpica em Pequim, sempre com os Estados Unidos como algozes. O técnico defendeu seu titular da posição, Marcelinho, que não esteve presente no ouro de Atenas e era o jogador mais abalado neste domingo.

"Marcelinho teve um ano fantástico. Fez muito bem o que cabia a ele fazer. E se as decisões foram tomadas, se há alguém responsável por alguma mudança, sou eu. Ele foi peça importante, trouxe de novo a equipe, depois de oito anos de desgaste e trabalho, a uma final olímpica. A ele eu vou dizer 'obrigado'", falou Bernardinho.

No terceiro set, quando o Brasil parecia fora de jogo, o treinador resolveu sacar Marcelinho de quadra e colocou o filho Bruninho. A troca animou o time, mas foi desfeita no início da quarta parcial. "O Marcelinho era quem queria mais o ouro, por isso a frustração de hoje. O Bruninho desabou no fim, devia estar se perguntando 'será que eu devia estar aqui?'. É normal. Eu poderia ter deixado o Bruno mais tempo em quadra? Sim, poderia. Mas depois é fácil (falar)".