Para quem executar saltos mortais de uma plataforma de 10 metros de altura sobre a água, como Juliana Veloso, a última coisa que se espera é que tenha medo de altura. Mas foi exatamente isso que ela admitiu sentir depois das eliminatórias de sua modalidade em Pequim.
"Se me perguntam 'você tem medo de altura?', eu respondo 'tenho'. Perguntam 'você não se acostuma?', a resposta é 'não'", afirmou.
Segundo ela, visitas a pontos turísticos de altura elevada, como a Torre de TV Brasília, que tem mais de 220 metros, estão fora de cogitação. "Subir na torre de Brasília, nem pensar. Em varanda, eu não chego não", disse.
Para o esporte, ela consegue manter a fobia sob controle, mas não deixa de temer o risco de se machucar. Ela já quebrou quatro vezes o punho direito e uma vez o esquerdo em impactos com a água.
Com a altura de 10 metros, a velocidade do atleta pode chegar a 55km/h. "Com o meu peso, a minha velocidade é de uns 20km/h. Mas o impacto do corpo na entrada da água é de mais de 200km/h", disse.
"Às vezes, você tem uma experiência ruim e pega cisma com alguns saltos e passa a sentir medo. Nunca se sabe quando você vai sentir ou não", disse. De acordo com a saltadora, 99% das atletas temem executar pelo menos um dos saltos da série", disse.
"Na Copa do Mundo (da modalidade) eu perguntei para o Peter Waterfield se ele sentia medo em algum dos seis saltos, ele disse que do seis. Aqui, quando nos vimos, eu perguntei de novo e ele respondeu 'agora, só em três'".
Alguns atletas chegam a saltar de olhos fechados para ganhar coragem, mas Juliana prefere enfrentar o medo do que não ver o que está acontecendo. A brasileira disse que a australiana Sharleen Stratton uma vez, em um campeonato, executou muito mal um salto que costuma fazer perfeito.
"Eu perguntei o que tinha acontecido e ela contou que sempre fechava os olhos. Quem está de fora não nota, mas os atletas sentem medo sim", encerrou Juliana.
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