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18 de ago. de 2008

Vara some, Fabiana Murer chora e desabafa

Fabiana Murer segurou o choro enquanto pôde. Não foi enquanto procurava a vara sumida, nem quando errou a terceira tentativa de superar a barreira de 4,65m. Quando ela explica todo o caso na área de entrevistas, os olhos estão vermelhos, mas ainda sem lágrimas. Mas no momento em que vem a pergunta fatal, ela desaba.


Depois de quatro anos de tantos treinos, fica a sensação de que não foi você que perdeu, mas que acabaram com a tua Olimpíada? Fabiana chora e desabafa.

"A sensação que eu tive foi que eles acabaram com a minha Olimpíada. Só quero descansar, não quer ver mais competição na minha frente. Até tinha uma competição aqui na China, mas não volto pra cá. Na China eu não compito nunca mais."

As varas dos atletas ficam com os organizadores antes e depois das provas. No tubo providenciado pela organização, não cabiam as dez varas de Fabiana. Ela manteve, portanto, o próprio tubo, mas com o patrocinador coberto. "Depois da eliminatória eu coloquei as varas, fechei o tubo e foi a última vez que eu vi", contou. Fabiana passou a primeira barreira, de 4,45m. Quando foi ao tubo procurar a vara que utilizaria para os saltos de 4,55m e, posteriormente, de 4,65m, não encontrou a que queria.

Havia duas opções. Uma era tentar interromper a continuação da prova de alguma maneira, já que o erro havia sido da organização. A outra era arriscar com uma vara para alturas maiores. Se desse certo, ela estaria de volta à disputa.

O espírito esportivo não tomou conta das outras atletas. Ninguém mostrou qualquer tipo de solidariedade nem nada parecido. "Elas não me falaram nada", disse Fabiana. Mesmo assim, resolveu dar sequência à prova.

"Eu conheço a minha vara, não estava lá. Procurei em todos os tubos das meninas e a vara não estava lá. Seria complicado (interromper), ia estar atrapalhando as meninas também. Quando eu vi que não ia ter jeito, me conformei e fui ver o que dava para fazer."

A brasileira conversou com o técnico Élson Souza e decidiu arriscar. "Peguei uma vara um pouco mais forte, era para estar saltando mais alto. Mas o que eu precisava era de vara fraca pra acertar o salto e ir crescendo durante a competição. Eu e meu técnico decidimos passar aquela altura, ir pra 4,65 m e tentar ver se acertava. Fiquei muito nervosa. Poderia ter ido mais longe, mas não deu."

Durante a discussão com os organizadores, Fabiana mandava os chineses procurarem pela vara, enquanto eles diziam o mesmo para ela. O impasse não foi resolvido. E, em plena Olimpíada, a maior de todas as competições, sobrou para a brasileira. "É um absurdo, numa competição desse porte. Era deles a responsabilidade", resume. E chora.

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